Plano Odontológico: A empresa deve pagar 100% ou descontar do funcionário? (Compulsório vs. Facultativo)

Você está no meio daquela reunião clássica: o RH defende a contratação de um plano odontológico empresarial para melhorar o clima e reter talentos. O financeiro cruza os braços e solta a frase temida: "Não temos budget para isso."
E aí vem a dúvida que tira o sono de gestores de PMEs: será que dá para oferecer o benefício, mas deixar o funcionário pagar a conta toda? Ou vale a pena a empresa bancar? E existe meio-termo?
A verdade é que a forma como você divide essa conta muda completamente o jogo — tanto no preço final por vida quanto na adesão real da equipe. Vamos descomplicar os três modelos de custeio plano odontológico que existem no mercado e mostrar qual faz mais sentido para sua empresa.
Modelo 1: Compulsório (A empresa paga 100%)
No modelo compulsório, a empresa banca o custo integral do plano odontológico para todos os funcionários elegíveis. A adesão é automática — ou seja, todo mundo entra, sem escolha individual.
A grande vantagem: preço muito mais baixo
Aqui está o segredo que pouca gente entende: quando a operadora tem garantia de 100% de adesão, o risco dela cai drasticamente. Não há seleção adversa (aquela situação onde só entra quem realmente precisa de tratamento urgente). Com o risco diluído entre jovens, idosos, quem tem dente saudável e quem precisa de canal, o preço despenca.
Preço médio no modelo compulsório: R$ 15,00 a R$ 25,00 por vida.
Sim, você leu certo. Estamos falando de menos do que um café por dia, por funcionário.
Os impactos além do preço
Além da economia, esse modelo gera um alto valor percebido pelo colaborador. Afinal, receber um benefício sem precisar desembolsar nada cria uma relação de cuidado genuíno com a empresa. Na prática, vira parte da sua proposta de valor como empregador (o famoso EVP).
A gestão também fica mais simples: sem variações mensais na folha de pagamento, sem precisar ficar perseguindo funcionário para confirmar se quer ou não aderir. Contratou, implementou, acabou.
Modelo 2: Facultativo (O funcionário paga 100%)
No modelo facultativo — também chamado de plano odontológico por adesão —, a empresa apenas negocia o contrato coletivo, mas quem decide se entra (e paga a conta toda) é o próprio colaborador. O valor é descontado diretamente do salário.
A vantagem óbvia: custo zero para a empresa
Se o caixa está realmente apertado, esse modelo permite que você ofereça o benefício sem comprometer o orçamento. No papel, parece perfeito.
O problema: seleção adversa e preço inflado
Mas aqui mora o perigo. Como a adesão é voluntária, acontece um fenômeno chamado seleção adversa: geralmente, só aderem as pessoas que já sabem que precisam de tratamento odontológico urgente. Quem tem os dentes em dia tende a não ver valor no desconto mensal.
Para a operadora, isso significa risco alto de sinistralidade (muita gente usando o plano ao mesmo tempo). A resposta? Preços bem mais salgados.
Preço médio no modelo facultativo: R$ 25,00 a R$ 40,00 por vida.
O risco real: baixa adesão
Já vi empresas contratarem plano odontológico facultativo com pompa e circunstância, só para descobrir que apenas 3 ou 4 funcionários de um time de 30 aderiram. Resultado: benefício que não engaja, não retém e ainda gera frustração.
Modelo 3: Misto ou Contributário (O meio-termo inteligente)
O modelo misto, também conhecido como contributário, é aquele onde empresa e funcionário dividem a conta. Por exemplo: a empresa subsidia R$ 10,00 por vida, e o colaborador paga o restante via desconto plano odontológico folha.
Por que esse modelo funciona?
Primeiro, porque demonstra cuidado sem estourar o orçamento. A empresa mostra que valoriza o bem-estar da equipe, mas de forma sustentável.
Segundo, porque gera mais engajamento do que o modelo 100% facultativo. Quando a empresa põe a mão no bolso — mesmo que seja uma parte pequena —, o funcionário percebe aquilo como um benefício de verdade, não apenas como uma "facilidade" para descontar do próprio salário.
O preço costuma ficar em uma faixa intermediária, dependendo da taxa de adesão que a empresa conseguir garantir.
Simulação Real: A matemática da decisão
Vamos sair da teoria e colocar números reais na mesa. Imagine uma empresa com 20 funcionários avaliando a contratação de um plano odontológico empresarial.
Cenário 1 — Modelo Compulsório:
Custo: R$ 20,00 por vida × 20 funcionários = R$ 400,00/mês
Adesão: 100% (automática)
Gasto anual da empresa: R$ 4.800,00
Cenário 2 — Modelo Facultativo:
Custo para a empresa: R$ 0
Custo para o funcionário: R$ 35,00/vida
Adesão estimada: 30% (6 pessoas)
Resultado: benefício pouco valorizado, baixo engajamento
Aqui está o ponto que muita gente esquece de analisar: às vezes, investir R$ 400,00 por mês traz um retorno em satisfação, produtividade e retenção muito maior do que economizar esse valor e oferecer um plano caro que quase ninguém usa.
Pense assim: se você conseguir evitar a saída de apenas um funcionário bom por ano (cujo custo de reposição pode facilmente ultrapassar R$ 10.000,00 entre recrutamento, treinamento e perda de produtividade), o plano compulsório já se pagou sozinho.
Qual escolher para sua PME? (Guia de decisão)
Não existe resposta universal. A escolha certa depende do momento da empresa, da cultura organizacional e da estratégia de retenção. Mas aqui vão algumas diretrizes práticas:
Startups ou empresas com caixa apertado:
Comece pelo modelo facultativo ou misto para testar o apetite do time. Se perceber que há demanda real, migre para o compulsório no ano seguinte quando o financeiro estiver mais confortável.
Empresas focadas em retenção e baixo turnover:
Vá direto para o compulsório. É o melhor ROI por funcionário. Estamos falando de menos de um café por dia para construir lealdade e cuidado.
Empresas médias (30 a 100 vidas):
O modelo misto costuma equilibrar bem as contas. A empresa demonstra compromisso, o funcionário participa do custeio (o que aumenta o valor percebido), e o preço fica razoável para ambos os lados.
Empresas com perfil jovem e sem histórico odontológico:
O compulsório pode ser ainda mais vantajoso, já que o risco para a operadora é menor e você consegue negociar preços ainda mais competitivos.
Não é só sobre dinheiro
Vamos ser honestos: contratar um plano odontológico empresarial não é apenas uma questão financeira. É uma decisão estratégica sobre como você quer ser percebido como empregador.
O modelo compulsório é o mais barato por vida e o que gera maior impacto positivo, mas exige disponibilidade de caixa. O facultativo tem custo zero para a empresa, mas engaja menos e pode virar um benefício de papel. O misto equilibra as duas pontas.
A pergunta que você precisa responder é: qual a estratégia de RH da sua empresa? Você quer ser visto como uma empresa que cuida genuinamente das pessoas, ou como uma que apenas oferece facilidades?
Ainda está em dúvida sobre qual modelo de custeio plano odontológico faz mais sentido para sua realidade? Fale com a Lifebis. Simulamos os três cenários (quem paga o quê) e você apresenta as opções prontas para a diretoria.
Protegendo o futuro da sua equipe.

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